A neve voltou a Budapeste. Cães com roupas tão ridículas como queridas, pessoas com chapéus estranhos e intrigantes. O ambiente é muito próprio. Nestas últimas semanas pouco dormi e em alguns dias existiu até a necessidade de fazer directas seguidas. Um dos principais motivos foi a finalização do site que estava a construir para o Centro de Língua Portuguesa do Instituto Camões em Zagreb, na Croácia, em conjunto com a Mostra de Cinema Português que irá decorrer em Budapeste, na Hungria, no próximo mês.
A génese do
novo site do CLP em Zagreb, em conjunto com o facto do site anterior não estar activo e ter problemas técnicos, partiu da necessidade de uma identidade mais moderna, actual, que seguisse alguns dos passos, dinamismo e estética do
site que elaborei meses antes para o
CLP de Budapeste. Um dos objectivos iniciais que estabeleci foi conjugar as cores da bandeira da Croácia, que assentam no branco, vermelho e azul, o que é visível não só no site em si, como também na maneira como os menus funcionam e em diversos pormenores ao longo do site que tiveram de ser personalizados dentro dos códigos.
Um dos elementos mais importantes de um site é a sua página de entrada. Sem surpresa, esta foi a que acabou por dar mais trabalho e encerra dentro de si algumas características chave. O
slideshow de abertura é bastante personalizado, seja nas cores como no resto, mas os restantes elementos mais abaixo não ficam atrás, com especial destaque para o
slider abaixo que mostra o seu charme quando passamos o rato em cima de uma das janelas, as notícias da lusofonia que aqui funcionam à base das imagens e de um efeito eficaz quando passamos por lá o rato e, igualmente, no pequeno
slider que mostra os destaques da Biblioteca do Centro com ligações dentro de cada imagem para mais informações sobre cada artigo. Pormenores como este último estão espalhados por várias páginas e elementos do site de uma forma quase automatizada de modo a facilitar futuros
updates. O difícil é sempre organizar tudo a início, ainda mais quando um site desta envergadura implica dezenas e dezenas de páginas a incluir.
Outra característica chave é a maneira como aparece uma imagem de fundo em cada página, o que já tinha conseguido fazer no site do CLP de Budapeste mas que nem por isso foi mais fácil de realizar devido à estrutura diferente do código de ambos os sites. O efeito, apesar de simples, dá toda uma dinâmica diferente ao resultado final. Para quem ainda não o fez, podem visitar o novo site do Centro de Língua Portuguesa do Camões, I.P. em Zagreb
AQUI.
Organizar um evento desta dimensão é um processo moroso que leva meses e que ameaça levar ao esgotamento uma pessoa, neste caso a Patrícia que é quem tem de gerir tudo como acontece na maior parte das actividades relacionadas com o CLP de Budapeste. Encontrar o espaço certo, gerir orçamentos, facturas, parcerias, marcar hotéis, viagens, escolher e alugar filmes, falar com quem vai fazer as legendas, enviar um número impossível de e-mails, elaborar materiais promocionais. E é desta última parte que pretendo falar.
Uma semana para fazer 9 trabalhos diferentes. O prazo era esse e sem margem de manobra. Era necessário criar o cartaz, diversos tipos de
banners para a internet, um vídeo promocional,
newsletter, um livro, etc. A loucura ameaçava apoderar-se de mim e os olhos, raiados de vermelho, davam todo um outro sentido à expressão morto-vivo.
Completamente embrenhado numa nova fase estética que já era visível em cartazes anteriores, para esta Mostra de Cinema decidi ir ainda mais longe nesse sentido. O resultado final espelha bem isso e a tentativa de que o todo exibisse coerência, assim como um conjunto que nos desse vontade de coleccionar todos os elementos. Claro que nestas coisas conseguir com que as impressões em papel fiquem com as cores certas é um drama já habitual mas podemos garantir-vos que ver este cartaz impresso em tamanho B1, com 1 metro de altura, é passível de provocar alguns calores. O livrinho que irá estar presente em formato papel nas exibições de cada filme também tem que se lhe diga e é outro motivo de especial orgulho.
Podem ler mais sobre esta mostra de cinema e visualizar todos os materiais (inclusive uma versão digital do livrinho sem capa e contra-capa) na
página respectiva do Centro de Língua Portuguesa do Camões, I.P. em Budapeste. Tendo em conta que, a par da Patrícia e do nosso colega e amigo Urbán Bálint, também sou responsável pelos
updates constantes no site (em dose dupla - portuguesa e húngara) e criação de páginas como a que podem consultar deste evento, não será difícil perceber o porquê da falta de tempo e de não existir uma noção de semana ou de fim-de-semana.
Na semana passada o país parou, mais uma vez, devido ao futebol. Apesar de isto já não surpreender há muito, o mais estranho foi continuar a ler alguns comentários que davam conta da necessidade de tais distracções para dar alegria e levantar a moral ao povo, que precisamos disso para sentir orgulho no nosso país. A imagem que podem ver acima é da inauguração de uma exposição recente em Budapeste de Azulejo Português. Posso dizer-vos que a sala da Biblioteca Szabó Ervin (biblioteca imponente no centro da cidade) estava de tal maneira cheia que muitas pessoas tiveram de ficar na sala adjacente e que o
workshop de azulejo, que aconteceu na semana seguinte no mesmo espaço, ultrapassou largamente as expectativas ao ponto de ter de se dividir as pessoas em duas sessões e muitas mais queriam ter participado.
Nesta semana decorrem vários eventos ligados à Lusofonia na cidade de Pécs, na Hungria. Na semana anterior existiram colóquios relacionados com o tema em Budapeste e nesta mesma cidade, em Maio, a III Edição do Dia da Língua Portuguesa teve uma enchente no primeiro dia como nunca se viu e brevemente vamos ter uma Mostra de Cinema como menciono acima. E quem é que fala destas coisas que vão acontecendo em vários países? Dos profissionais (Leitores e Professores) que lutam e se esfalfam para promover a nossa Língua e Cultura, inúmeras vezes em condições adversas? Não se pense com isto que devia existir algum protagonismo ou concurso de popularidade, não, longe disso, mas faz-me alguma confusão como é que estas coisas vão continuando invisíveis, longe dos nossos órgãos de comunicação e das pessoas em geral, em contraste com o que se sabe. Existem muitos motivos de orgulho, pertinentes, basta estarmos atentos e realmente interessados.
No meio deste caos, na sombra, vou continuando a tentar ajudar no que posso na divulgação deste trabalho que está a ser efectuado e que parece implicar uma falta de tempo constante para as tarefas mais elementares da vida. É uma boa causa, afinal de contas a nossa Língua e Cultura faz parte de nós, da nossa identidade, do que somos e do que queremos vir a ser. Tempos houve em que almejávamos a grandeza, em que lutávamos contra as vicissitudes, em que tentávamos navegar por mares nunca antes navegados. Actualmente parece que nos querem fazer crer que somos medíocres, uns coitadinhos, escravos de uma crise provocada por interesses ignóbeis, com dias todos iguais que passam sem darmos por isso. Querem-nos aprisionar numa realidade de claustrofobia onde os sorrisos só acontecem quando uma equipa de futebol marca um golo ou vence um jogo. E somos tão mais do que isso.